A Featured Artists Coalition (FAC) se reuniu ontem no Hampstead’s Air Studios, em Londres, para discutir – novamente – as sanções para quem compartilha arquivos online.
A FAC sempre foi a favor de uma internet mais livre (pra vocês terem uma ideia, o Ed O’Brien, do Radiohead, é um dos cabeças da organização), mas ontem aparentemente deram um passo atrás. O governo britânico estuda uma lei – apoiada por Lily Allen – que prevê o corte do acesso à internet pra quem comete o crime hediondo de baixar MP3 e afins. A FAC sugeriu uma outra saída.
O’Brien e seus colegas Dave Owntree (Blur), Tim Rice-Oxley (Keane) e George Michael, entre outros, assinaram um acordo a favor do “três avisos e você está fora”.
Funcionaria assim: o criminoso receberia uma carta sobre a ilegalidade dos downloads. Se repetir o erro, recebe uma mais direta. A reincidência é punida com uma alteração na banda larga do bandido, que passaria a ter uma internet tão ruim que só o permitiria acessar a web e e-mails – nada de baixar músicas. No donut for you!
Lily Allen, apesar de não ser membro da FAC, também assinou o documento.
Como ex-moça-do-direito, penso bastante acerca do direito autoral. Entendo que é preciso ganhar dinheiro com a indústria cultural*, mas criminalizar e punir quem baixa arquivos online é de uma ineficácia espantosa.
Nádia Lapa
*Uma pessoa que defende fervorosamente a internet livre me disse uma vez que Mozart (ou algo do gênero) não compôs com o fim de ganhar dinheiro. Isso é de uma ingenuidade tamanha que não me dá nem vontade de discutir. Vivemos num mundo capitalista, dinheiro é bom, eu gosto e os artistas/escritores/atores/diretores também. Eu ganho pra escrever. Você aí ganha pra construir prédios, o José ganha pra empacotar compras no supermercado. Temos que pensar é num jeito de fazer o dinheiro circular. Não, eu não sei como. Se soubesse, venderia minha ideia.