O fotógrafo Matt Blum começou em 2005 uma série com uma proposta muito parecida com o que vemos por aí: tirar foto de gente nua. Clichê? Poderia ser, se não tivesse Blum uma alma sensível de artista.
Surgiu então o The Nu Project, “uma série de fotos de gente normal nua. Nada de modelos, nada de maquiagem, nada de glamour”.
E olhando aquela série de fotos de gente-como-a-gente, uma luz veio à minha cabeça: por qual razão somos tão envergonhados dos nossos corpos? Por que insistimos em transar de luz apagada, temos vergonha de comprar um biquini um pouco menor (e quase vamos de burca à praia) ou insistimos nas blusas de manga pq nosso braço é muito gordo?
Na extensa série de fotografias, pouquíssimos corpos são invejáveis segundo o nosso irreal padrão de beleza. Sobram celulites, manchas no corpo, sardas em demasia, estrias, pelos onde não mais estamos acostumados a vê-los. Mulheres muito magras, mulheres muito gordas. Mamilos esquisitos, bundas caídas, rugas.
Deveria ser feio.
Mas não é. A razão é simples: a gente se reconhece ali – naquela barriga protuberante, no quadril mais estreito do que a gente gostaria, no seio flácido. Somos todos assim, todos iguais, e belíssimos. Somos atraentes, desejáveis e sensuais. Só nos falta reconhecer isso. Talvez seja preciso olhar pelas lentes de Matt Blum.